O parlamento alemão aprovou hoje um plano para atrair recrutas militares, já que o número de alistados está em queda desde o fim do serviço militar obrigatório, em 2011, em que se admite voltar à conscrição.
O plano, uma versão modificada de uma proposta que o Governo do chanceler Friedrich Merz aprovou em agosto, não chega a reintroduzir o serviço militar obrigatório, embora deixe em aberto essa possibilidade para um número limitado de pessoas, caso haja necessidade.
A câmara baixa do parlamento alemão, o Bundestag, aprovou o plano por 323 votos a 272, com uma abstenção.
Nos últimos quatro anos, desde a invasão da Rússia à Ucrânia, a Alemanha investiu milhões de euros na melhoria do equipamento das suas forças armadas, após anos de negligência.
Agora o Governo quer persuadir mais pessoas a alistarem-se, uma postura que também está a ser adotada por outros países europeus.
Na semana passada, a França apresentou um programa para formar militarmente milhares de voluntários de 18 e 19 anos a partir do próximo ano, enquanto a Bélgica e a Polónia planeiam atrair mais pessoas para o serviço militar.
“Os nossos aliados estão de olho na Alemanha”, afirmou o ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, numa intervenção no parlamento, referindo que o país se tornou um “modelo de defesa na Europa”.
A Alemanha suspendeu o serviço militar obrigatório para homens em 2011 e, desde então, tem enfrentado dificuldades para atrair voluntários.
Nos últimos anos, o número de militares tem-se mantido pouco acima dos 180 mil, o que contrasta com as 300 mil pessoas registadas em 2001, das quais mais de um terço eram recrutas.
O Governo quer aumentar este número para 260.000 na próxima década e afirma ainda que necessitará também de cerca de 200.000 reservistas, mais do dobro do número atual.
O plano hoje aprovado prevê salários e condições mais atrativas para quem se alistar por um curto período, melhor formação e mais flexibilidade quanto à duração do serviço, a partir de um mínimo de seis meses.
Embora a legislação estabeleça metas anuais para os próximos 10 anos em relação à dimensão das forças armadas e às suas reservas, não existe uma cláusula automática para qualquer mudança no sentido do recrutamento obrigatório.
No entanto, com a aprovação da nova lei, passam a ser enviados, a partir de 2026, questionários aos jovens de ambos os sexos que completem 18 anos sobre a sua disposição e capacidade para servir, sendo que os homens serão obrigados a respondê-los.
Os jovens do sexo masculino também serão obrigados a submeterem-se a exames médicos.
O plano foi criticado pela oposição, tendo a deputada do Partido da Esquerda Desiree Becker apelado hoje aos jovens para “fazerem greve contra a reintrodução do serviço militar obrigatório” e para se informarem sobre a objeção de consciência, que permite recusar o serviço militar.
Dez países da União Europeia têm serviço militar obrigatório: Áustria, Chipre, Croácia, Dinamarca, Estónia, Finlândia, Grécia, Letónia, Lituânia e Suécia.














